SOULS 40 emanuel dimas de melo pimenta 1973-2013
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Souls 40 Anos A origem etimológica da palavra soul é o antigo saxão seola, que indicava a parte imaterial do humano assim como a ideia de movimento rápido. A antiga raiz etimológica das palavras latinas para alma - âme em francês, anima em italiano ou alma também em espanhol - é o indo europeu *ane, que indicava a ideia de sopro vital e passou ao grego anemos significando vento. O vento aponta para o movimento e, portanto, temos animação, animal e assim por diante. Mas as ideias de vento e de sopro também nos apresentam uma misteriosa conexão entre cultura e ambiente, ambas significando "cercar", como quando assopramos sobre algo. A complexa fusão entre a parte imaterial do ser humano - como a fotografia - e a cultura enquanto vento, movimento que produz diferença e com ela consciência, é a base conceitual deste ensaio fotográfico. Quarenta anos atrás, em 1973, dei início a um projeto fotográfico sobre o qual eu não poderia prever as incríveis surpresas que aconteceriam. Ele é, literalmente, um projeto de vida, em todos os sentidos. A primeira imagem era a de um velho homem japonês, muito pobre, no Brasil. Eu tinha quinze anos de idade. Ele era uma homem com histórias terríveis. O seu percurso pessoal me tocou profundamente. Eu estava consciente de que cada pessoa é um universo completo, um milagre de experiências e conhecimento, não importando quem é ou o que faz. Com aquela primeira foto decidi desenvolver um longo ensaio fotográfico, com a extensão de toda uma vida. Sempre em desenvolvimento. Uma vida inteira dedicada a fragmentos de incontáveis vidas. Quarenta anos passaram como um piscar de olhos. Ao longo desses anos tenho encontrado pessoas extraordinárias. Vladimir Maiakovski dizia que "todo mundo é feito para brilhar" - e desde há muitos anos eu tomo esse pensamento como base deste ensaio, junto com Joseph Beuys quando ele dizia que "todo o ser humano é um artista". Não se trata do individualismo no sentido de indivíduos isolados, mas o contrário: pessoas que criam o tecido dos nossos tempos, o nosso zeitgeist - porque o coletivo emerge do indivíduo, nunca o contrário. Em 2001, Souls foi publicado em cd-rom com cento e cinquenta imagens realizadas entre 1975 e 2000, o último quarto do século XX. Desde os anos 1990, Souls tem também sido objeto de exposições fotográficas em museus e centros de arte em diversos lugares. Em 2008 publiquei um livro eletrônico com trinta e cinco anos de imagens. Agora, temos trezentos e cinquenta pessoas ou, se preferir, almas - pessoas de quarenta países! Esta edição Souls 40 Anos é dedicada à Lucrezia De Domizio Durini, querida amiga com quem tenho colaborado em projetos mútuos desde cerca de há vinte e cinco anos. Lucrezia De Domizio Durini tem dedicado toda a sua vida a unir pessoas, a defender a Arte como um essencial instrumento civilizatório. Ela escreveu a introdução do cd-rom Souls publicado em 2001 - então um projeto com vinte e cinco anos. Gostaria de agradecer à grande curadora de arte contemporânea, crítica e historiadora Pilar Parcerisas pela sua maravilhosa introdução a este livro de 40 anos - o qual é dividido em quatro volumes. Todos os meus agradecimentos à Nina Colosi e à Jennifer Baahng, pelo sempre grande apoio e generosidade. O Projeto Souls 40 Anos acontece como livro,
site na Internet, um formidável projeto no Streaming Museum
de Nova Iorque, e um evento-exposição na Baahng
& Company em Manhattan. Agora, neste momento eu me recordo Meister Eckhart quando ele dizia, na passagem dos séculos XIII e XIV: "Se uma pessoa mergulha em si mesma, com todas as suas forças, mentais e físicas, chega finalmente a uma condição em que não tem ideias ou limitações e na qual ela existe sem atividade de vida interior ou exterior". |