MUSICA
uma breve história do pensamento musical ocidental
emanuel dimas de melo pimenta

Música - Uma Breve História do Pensamento Musical Ocidental é um livro que escrevi como um jato. Uma breve história que nasce na Suméria, antiga Mesopotâmia, e que chega aos dias de hoje.

Há vários meses, eu jantava na casa de um querido amigo, o brilhante arquiteto e não menos genial artista português João de Almeida. No jantar também estavam a Alice e o Hellmut Wohl - que se tornariam queridos amigos. E também a Maria João Seixas, Pedro Canavarro, Margarida Veiga e Virgílio Seco - maravilhoso designer de jóias.

De repente, sem que eu esperasse, o João pediu para que eu explicasse o que fazia como compositor. Aquela pergunta, aparentemente simples, foi terrível! Ela implicava algum conhecimento prévio da história da música. Mais do que isso, implicava a história do pensamento musical, aquilo que produzia o que chamamos de "música".

Respirei fundo. Em cerca de dez minutos fiz uma breve viagem acerca das metamorfoses do pensamento musical nos últimos dois ou três mil anos, concentrando-me nos pontos que me pareciam mais evidentes.

Quando parei de falar, o João se aproximou discretamente e disse: "Deverias escrever um livro sobre isso". No mesmo momento, sorri e disse que era algo fora dos meus objetivos. Seria um trabalho demasiadamente pesado e eu tinha muitos outros projetos para concluir. Demasiados.

Quase um ano mais tarde, numa fria manhã de fevereiro, levantei e fui para a janela. Tudo estava coberto de neve. O maravilhoso Lago Maggiore. Subitamente pensei que deveria escrever um livro sobre o pensamento musical, não sobre a música em si mesma. Mas, eu tinha esquecido completamente aquele desafio do João. A primeira imagem que me veio à mente foram as longas e deliciosas conversas com o meu querido amigo Ornette Colleman, em Nova Iorque, ao longo de quase vinte anos. Muitas vezes conversávamos exatamente sobre isso.

O livro foi escrito em dez dias. Agora, ele está publicado. E eu vejo, com pesar, que na minha introdução, aquele repto do meu querido amigo João de Almeida - a quem tão profundamente admiro e estimo - ficou esquecido!

O livro não tem capítulos - tal como o som não conhece fronteiras precisas.

O prefácio é do filósofo, escritor e jornalista americano Jon Rappoport; a introdução é do filósofo italiano Dario Evola, da Academia de Belas Artes de Roma. Jon Rappoport é um caro amigo. Anos atrás, ele escreveu a introdução do meu livro Sociedade Low Power. Dario Evola é um amigo de quase trinta anos, quando ambos éramos jovens, e partilhávamos a magia do Festival de Arte Eletrônica - o primeiro do mundo - em Locarno, com Rinaldo Bianda e René Berger.

Este livro é dedicado ao Ornette Coleman, que tanto admiro. É uma primeira celebração pelos centenários de René Berger e do meu querido mestre Hans Joachim Koellreutter. É, ainda, feito em memória do John Cage, Daniel Charles, Koellreutter e Jorge Peixinho - quatro diferentes dimensões do mundo.

Mas, ele também é dedicado a todos que amam a música.

 

Emanuel Dimas de Melo Pimenta
Locarno 2014