CEJB
emanuel dimas de melo pimenta
première mundial . concerto . filme

16 de fevereiro . 2014 . 19:00
Padiglione Porto Turistico
Pescara . Itália
para Lucrezia De Domizio Durini  

 

 

 

 

emanuel dimas de melo pimenta

 

lucrezia de domizio durini

remember joseph beuys pescara

remember joseph beuys zurique

cartaz partitura

 


São Paulo . sons aéreos . baixas frequências . noite

 Nova Iorque . subsolo . altas frequências. dia    

O concerto e o filme CEJB surgiram como resposta a um convite feito por Lucrezia De Domizio Durini, para que integrasse o grande evento Remember Joseph Beuys em Pescara, Itália, em 2014, como celebração dos trinta e seis anos da Discussão Fundação para o Renascimento da Agricultura, de Joseph Beuys, no dia 12 de fevereiro de 1978, na Pescara Mercantile Exchange (Borsa Merci di Pescara).
Os concertos, eventos e conferências em Pescara - tudo estava originalmente envolvido com uma questão essencial: quem é Joseph Beuys? - daí o título do concerto e do filme (Chi è Joseph Beuys? - CEJB).
Comecei a acompanhar os trabalhos, o pensamento e a vida de Beuys desde 1979, quando o Mestre Alemão participou da Bienal de São Paulo. Eu vivia no Brasil, visitei aquela Bienal e desde então sempre segui os seus passos. Em 1983 fiz um concerto dedicado a ele no MIS Museu da Imagem e do Som de São Paulo, junto com um trabalho do artista plástico Fernando Zarif. Em 1985 John Cage me convidou para trabalhar com ele e com o Merce Cunningham - e eles era amigos de Beuys. Em 1990, conheci em Milão Lucrezia De Domizio Durini, que tinha sido muito amiga e colaboradora de Beuys. Lucrezia se tornou imediatamente uma querida amiga minha. Eu tinha 33 anos de idade. Foi Lucrezia De Domizio a responsável pela minha presença na Itália. E através dela eu me tornei ainda mais próximo de Joseph Beuys.
Quem é Joseph Beuys?
Se observarmos a obra e o pensamento de Beuys - mesmo quando ele está mergulhado na Natureza - tudo girará sempre em torno do ser humano. Toda a obra de Joseph Beuys é concentrada, profundamente focada, no ser humano - da mitologia, à sociologia, da ciência ao dinheiro. Tudo o que Beuys diz inevitavelmente é em relação à Humanidade.
Isso é Joseph Beuys.
E o que é o signo por excelência da Humanidade, do ser humano? Isto é: o que existe de material na Terra que nos indica exclusivamente o ser humano? Se tratarmos da linguagem, por exemplo, a resposta não será conclusiva. Há animais com princípios rudimentares de linguagem. O mesmo com sons, que nos trariam a música. Ou as manifestações plásticas - em outras dimensões, elas também acontecem com outros seres. O amor? Instrumentos? Acontece o mesmo. Tudo isso é partilhado com outros seres, em maior ou menor densidade.
Poderíamos arriscar dizendo que a ciência, a filosofia e a Arte, ou o conhecimento humano, são coisas exclusivamente humanas. Mas, são imateriais.
A pergunta persiste: o que existe de material na Terra que nos indica exclusivamente o ser humano?
Uma pergunta para uma única resposta: a máquina.
Nenhum outro ser jamais concebeu algo como a máquina.
Tomo a máquina no seu sentido mais abrangente.
Assim, para o concerto, determinei duas megacidades no mundo - duas megacidades do novo mundo, nas Américas: São Paulo e Nova Iorque.
Em São Paulo subi até o último pavimento de um alto edifício. De lá, de um ponto elevado, gravei os sons da cidade. Em Nova Iorque, mergulhei no seu subterrâneo e gravei as suas entranhas.
Depois, trabalhei esses sons segundo alguns princípios, estabelecendo um diagrama lógico de transformações, de metamorfoses. Assim nasceu o concerto CEJB.
Ele acontece num vasto leque de frequências - das mais baixas a frequências muito elevadas. E, o mais impressionante: quando temos em atenção esses sons - do alto das cidades e do seu subterrâneo, a única coisa que ouvimos são máquinas.
Ouvir a cidade é ouvir a máquina, em todas as suas manifestações.
E, ao contrário do que previa La Mettrie, não é o humano que se torna máquina, mas a máquina que revela o humano. E a máquina se transforma em circuitos elétricos.
Será máquina até o momento quando será capaz de se auto-reproduzir. Assim, a máquina - em todas as suas dimensões - é uma condição pré-orgânica.
O filme foi realizado com as mesmas bases - imagens capturadas sobre as cidades e nos seus escuros subterrâneos túneis.

Emanuel Dimas de Melo Pimenta . 2014